sexta-feira, 28 de novembro de 2008

como se as flores não fossem para ela... e não eram mesmo, outra vez. Ela não aguentava mais ter que passar pela mesma situação, sempre se metendo em furadas e se iludindo com os mil dela. A vida é sonho, já nos dizia Salomão, mas ela foi fundo nessa desde o início e agora não sabia viver a realidade. Sonhava com tudo, dormindo ou acordada, a vida é sonho, repetia. Mas um dia ela caiu, não em si, porque não acredita jamais na realidade: caiu de dor. quis virar pó, de novo? sim, de novo outra vez novamente, como sempre!
precisa se livrar do buraco. e tdudo vai se juntando, a chuva, o ar, o apartamento sempre vazio - mesmo quando cheio, a falta.
o que acontece? não sabe. talvez pense demais em coisas banais. talvez. se sente banal e por isso quer virar pó, não se sente importante, não vê diferencial.
só pensa em virar pó. e se misturar na areia daquele mar, que é onde guarda todas suas recordações, e viver de sonhar para sempre, e só.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

ando no estribo
o menininho, sentado no colo da mãe, sorri, segura na madeira, observa tudo em volta. o ventinho no cabelo, que eu quase senti o cheiro do feijão da minha infância. queria andar naquele bonde pela vida inteira, passar lá mais alguns anos, só esperando a próxima curva. hoje o motorneiro não tava correndo, e aquela lerdeza gostosa, quase malemolente, me fez um soniiiinho aaaaaaahi, vou ler um livro. quero um do waly.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

insalubre

SE me equilibro na linha do tempo e caio no asfalto,
SOU pedra-sabão estilhaçada.
SE me pego colando pedacinhos,
CAIO de volta na linha.
ME embaraço
NO laço da linha
NO fio do vento
E no cadarço do tênis passante.
POSTO que me grudei como gosma,
COMO doença de ave,
GIRO insalubre na garganta.
NÃO me engulo
NÃO tolero
PORQUE sou gosma triunfante e persistente
E se o mundo me da nó
É porque não temos nada de linha
PERDEMOS.

sábado, 15 de novembro de 2008

o que esperas? que eu corra? pois correrei então... correrei como nunca corri, em busca de suas cartas, casas, de pôr o lixo, seu intervalo. correrei mais do que já foi corrido em busca de você. não em busca de seus sonhos, porque você quer tê-los à mão, mas é claro, te amaria em ver-te correndo atrás do que queres, e te amaria em ver-te me querendo. E nós correríamos sem ter um rumo, simplesmente porque o tempo é tão pouco que precisamos escapar do chão que está para trás, porque o tempo é curto demais para se viver do chão que passou. E quando chegássemos ao horizonte, ficaríamos com tanto medo de cair, que nos abraçaríamos, e ali mesmo - no meio do horizonte! - nos daríamos um ao outro, sem receios, porque é melhor cair depois do amor. Mas se caíssemos mesmo no abismo depois da linha, não ligaríamos em ter a morte tão próxima, porque vivemos tanto, tanto, que o nosso futuro é o que nos pertence, e a vida é um chão que passou.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sofia, rainha.

Não sei bem se ela se lembra, não faz mais do que 60 horas. Não sei se ela se lembra de ter me dito tudo aquilo que eu mesma havia sentido em relação a ela. Eu mesma havia pensado durante todos esses poucos, porém longos, anos. Havia pensado em toda a energia de Sofia, todo esse jeito de menina mulher, esse jeito de encarar os fatos e os sonhos. Havia buscado nela um monte de vontade, um monte de alegria. Sofia, tão minha irmã. Aquela irmã ídola que a gente tem, em quem a gente busca inspiração. E mal sabia eu que ela também sentia isso em relação a mim, de me ter como uma menina mulher sempre bonita em todos os aspectos (exatamente como eu achava dela!!). É a reciprocidade mais viva que eu já vi. Algo que a gente nunca falou exatamente, algo que não precisa ser dito, porque tá na cara. De tão óbvio, é natural. De tão natural que somos, de tão linda que ela é, e de tão espontâneo que é o nosso amor.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Num azul assim, doce, caiu o céu... Caiu o céu e formaram-se os pássaros de um sorriso perdido no mar. Alguns pássaros cairam nessa imensidão azul (não a do céu). Viraram patos, peixes. E de tanto nadarem, esses peixes fizeram um remelexo na água, transformando tudo em onda e temporal. era respingo pra todo lado. Um barquinho que vinha só e sedento gemeu: ai, que solidão... Mas em alta velocidade chegou a tartaruga, que para acompanhar o barquinho resolveu nadar mais devagar. O barquinho se foi, abandonando a tartaruguinha, resmungando: mundo infeliz...
A tartaruga nada entendeu, mas ficou chateada com o barquinho e de tanto praguejar, a tesmpestade salgada começou a destruir a embarquinhação, que virou pó: é o que chamamos de areia hoje em dia. Ela diz que cansa, mas se apaixonou pelo remelexo do mar, que vai e vem num gozo sem fim.