quarta-feira, 25 de junho de 2008

tardes com W

não sei mais... posto que me encontro em horas de felicidade - nas quais me distraio do mundo, e estou fora dele. me perco por dentro e por fora com paz de espírito, evocando lembranças tolas que esquentam o coração - ; como de repente, num som, numa voz (de quem?), num pensamento tomado por segundos, caio em profunda tensão, com uma gota de antiga depressão... estando só no apartamento, me vejo facilmente entrando em um momento de devaneios estúpidos, dos que esfriam-me, e não dos que esquentam. deixo-me, então, desaguar nas cartas de Werther, podendo sofrer com ele, os seus sofrimentos, esquecendo-me e lembrando-me dos meus...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

embora já tenha me acostumado com a idéia de não te ter, - ou quase isso - teu nome não sair de mim é um alívio. de minhas depressões tu és a cura. Ai, graças à deus, ouvi teu nome de mim mesmo, e estou são. sorrio sozinho de quando em quando, e me liberto da profunda escuridão de antes. me acostumei a não ser teu; mas continuo a sonhar.

domingo, 22 de junho de 2008

ando pela casa, inquieta. se tenho febre, nem sei, tenho frio. dentro e fora. calafrios percorrem meu corpo sonolento. dores. lágrimas. não tenho vontade de levantar de mim. ando deitada. estou calada. não pretendo ligar, nem mandar sinal. pretendo ficar escura só por hoje. não que eu ame minha melancolia, é que hoje ela precisa de mim, assim como preciso de você. 37. anemia.

metade II

Me reviro na cama, não quero dormir, já dormi umas 12 horas de sono nesse frio chuvoso... Adriana não pára de cantar pra mim toda a minha melancolia, não vejo nada que não seja cinza, e estou só. Mas quando digo só não digo só interiormente, estou física e psicologicamente só. 'eu estou ao meio', 'eu não moro mais em mim'.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

ciclo

Logo de manhã cedo ou à tarde, não interessa a hora - é quando a gente acorda - tu és um beijo; em seguida, levantamos e tomamos café da manhã como se não nos conhecêssemos; e na hora do almoço nos odiamos, travando uma sangrenta luta de garfos e facas, e, após o almoço, estamos mortos. Quando acordamos de nossa morte profunda, provocamos um ao outro; à noitinha procuro chamar sua atenção e fingimos que não nos queremos. No ápice da noite tu és um guerreiro por meu coração e trocamos flechadas pelos olhos. Você me beija ou eu te beijo; e durante toda a madrugada somos raposas sem sono e, quando dormimos, o fazemos como um grande nó, entrelaçados. De manhã ou à tarde, não interessa a hora - é quando a gente acorda - tu és um beijo.

(Dezembro de 2007, quando calu ainda não havia me encontrado)

domingo, 15 de junho de 2008

nada está me cansando mais do que eu mesma
não teria a mínima coragem pra dizer aqui, tudo, tudo o que perfura minha dor, dolorindo-na ainda mais.... descobri que as reais dores não são feitas pra se expor assim ao mundo... as reais vem de dentro, vão para dentro, não vomito as dores verdadeiras, apenas as falsas... minhas dores verdadeiras, as digo para quem está em mim...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

vício

inconscientemente, me perdi em ti, me perdi em ti, me perdi em ti, me perdi. E aí quando me dei conta nem quis me achar porque

domingo, 8 de junho de 2008

nostalgia

por um instante chego a pensar que amo menos a ti do que minha saudade por ti. amo minha nostalgia, sou nostálgico até o fim, em que me deito teu, e desfaz-se a nostalgia, ela se transforma em presente, e sou teu presente, e és o meu presente. Doce flor do meu viver, amargo mel do meu cantar.
Aurora (8/4/08)