sexta-feira, 12 de setembro de 2008
comando-os com meu sopro, sopro fino, nem faz bolhinhas, não faz dobras no chá. sopro e, como se soubessem meu percurso predestinado, em fila caminham até o outro lado da xícara, e retornam em círculo... são lindos os grãozinhos do chá, os que restaram depois da peneira. conservados no morno, seguem meus comandos, fazem ciranda, os grãozinhos. bonitinhos, pequena situação que me deixa confortada, satisfeita, sinto a maior emoção do mundo, de felicidade. junto com o banho tomado, o cabelo escorre, escorre, escorre até o pé, se eu deixar. mas não deixo as gotas arrepiarem-me a pele, as coíbo. deixo estes arrepios para depois e me tomo em deitar, nua, na rede. está calmo e bonito o dia, que delícia este vento! não há ninguém em casa e da janela vejo o mar, vai e vem, vai e vem. vem vem, vai. as ondas são como eu sou, insistentes, brutas em um dia, calmas, ou sem fôlego em outros. escura ou clara, assim como as ondas, reflito muito o céu, a lua, o sol, depende deles o meu ondar. gosto do mar, gosto do mar quando ele está verde também. e calmo. eu fico calma, bóio; nessa minha praia, posso fazê-lo nua. gosto também de ficar nua, do jeito como nasci, do jeito do jeitinho. mania de se vestir estes homens. conservar à flor da pele a marca de um dia. de um dia de trabalho, de sol, de chuva as gotas. coibir as gotas da chuva? estas não. estas me percorrem como fizessem parte de meu ser. deixe a chuva, deixe. observe os pingos as gotas. cai lá pra cá. o chão e o céu se mesclam num só, a chuva é a intersecção, a chuva liga, liga muito e os azuis do céu e chão mar se confundem na cabeça, e eu levanto nua, já seca, visto uma roupa, abroaporta fechoaporta, elevador 1 obrigada [porteiro abriu portão] atravesso e pego o ônibus.
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2 comentários:
até seus silêncios me agradam...
e eu consigo ver tudo enquanto te leio: o mar, o verde, o calmo, lua, sol, o que for...
Obrigada.
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