quarta-feira, 13 de agosto de 2008

um nome

um dia acordei e não era mais eu. todos os meus sentimentos, angústias, orgulhos, memórias, fugiram de mim, consciência plena de um vazio. percebi que algo me faltava. por onde meu corpo andara? o meu corpo! como seria seu jeito próprio de ser um corpo? não sabia me movimentar.
entrou em pânico quando lhe veio à cabeça a idéia de ter perdido a memória, quis se matar, chegou à janela. olhou para baixo ONDE ESTAVAM TODAS AS MEMÓRIAS?????????????????????????????????????????????????????????????????????????
órfã de um mundo, de si! se sentia desconfortável dentro daquele corpo, perdeu a consciência sã estava para sair correndo e não sabia nem para onde correr e porquê correr estava confusa perdida em todas as emoções que não existiam dentro dela.
levantou, procurou fotos pelo quarto, o mural de ímã! lá tinha fotos com pessoas sorrindo, era seu corpo, reconheceu -sentiu-! e panfletos de eventos, e ingressos de shows, e desenhos, e, percorrendo o olhar por tudo isso, parou em um documento. tinha seu nome, imaginou. mas não procurou ler de cara. havia esquecido, inclusive, que existia um nome. o que também determinaria seu futuro conhecimento da verdade: aquele corpo... seria dela? seria da mente que o habitava?
ora, eu havia de entender o que se passava. peguei-no..................................................................................................[lendo]
um nome. um nome. um nome. um nome. acabara de nascer! nasceu no meio de duas vidas. na metade. soube seu nome. pensou:eu me apaixonaria por esse nome. esse nome agora é meu. eu sou a pessoa que este nome determina e sou exclusivamente nomeada assim.
mas não bastou, ainda não conhecia sua história, tentou se enganar em vão. aquilo a estava deixando......... ficou tonta. escureceu a vista. não sabia mais falar. estava cega, no ouvido, apenas um zumbido. e caiu, profunda, em si.

lá dentro construiu sua própria história, imaginou tudo, tintin por tintin. viveu um mundo de sonhos. enxergava, por dentro, tudo aquilo que havia conhecido. ela vivia! e vivia mesmo. só que por dentro. não era mais sensível fisicamente, portanto, não tinha noção do que se passava fora, esquecera que havia o externo.
e será que, enquanto vivia-sonhava, estava morta? seria aquele sonho profundo de uma vida, a subconsciência da menina do quarto e das fotos e do nome? e aquele momento em que acordou e não sabia se estava em seu corpo seria um momento de total introsamento consigo mesma (como dois desconhecidos), um momento de conhecimento da sua subconsciência?me pergunto, aflita, qual seria a vida daquela menina das fotos, do quarto e do nome...

Um comentário:

Júlia Borges disse...

muitas vezes não tenho o que falar, então, a deixo com meu silêncio...