todos morrem um dia.
o que é então este corpo?
o que são então esses braços,
essas mãos avermelhadas?
perenes no mundo dos objetos.
plásticos duram mais
roupas duram mais
músicas gravadas em Long plays
mp3
duram mais
pedaços de papel
pequenas poeiras
fios de cabelo
guardados dentro do livro
comprado no sebo.
mensagens, estudos
escritos
por uma caneta que vai durar mais
do que a mão que escreveu
ontem morreu uma moça
que eu conhecia
achei que a tinha visto na rua
tem nem uma semana.
todos morrem um dia
mais dia
menos dia
alguns acham normal morrer
eu me angustio
não tenho medo de dizer
nasci presa à essse chão
morrer é soltar-se
é desfazer-se
é não sentir-se nada.
minha cabeça tão tagarela
um dia, cala.
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