segunda-feira, 25 de agosto de 2014

a q u i

aqui,
o sol é uma bola de fogo, que escorrega por detrás das montanhas
o dedo aponta para cima,
as crianças gritam por hábito
o terreiro me faz sentir segura
eu gosto do som do atabaque.

as músicas
que eu não gosto
não me incomodam tanto
quando estou deitada em minha rede

as árvores
me acolhem
e o zunido da cidade
vira parte do meu ouvido.

de dia, parece que estou na floresta
mas quando olho na janela
parece que estou na favela.
e isso não é ruim não.

o funk, o brega, o movimento
constroem altar para o brilho dos canutilhos
não é canutilho, não, moça:
é um monumento.

é um baú do tesouro,
é um pisca-pisca contente...

o sinteco ainda estala
apenas uma mariposa até agora entrou aqui
mas os grilos, esses não deixam o silêncio falar...
os passarinhos cantam até quando é noite.
as crianças gritam até quando é noite.
os cachorros latem até quando é noite.