Amo o futuro
e finjo que ele já faz parte de mim
amo o futuro e não quero mais que nenhum passado me venha acordar
amo o futuro e ele é meu marido
amo o futuro e odeio amar também o passado
odeio amar também o passado.
odeio querer estar naquilo que me fez sorrir,
já que o mundo sorri pra mim no futuro.
aquilo que parece ser tão tenebroso é o incrível do ser.
é o incrível de abrir para o que vier.
o quarto não é mais uma caixinha
apesar de todo o pensamento,
o quarto é o futuro do aconchego.
o futuro ajuda a pensar, o futuro nos faz querer.
o futuro é aquilo que nos espera, e aquilo pelo qual esperamos.
o passado é aquilo que sofremos, e aquilo que gozamos em cima.
gozamos em cima do passado,
mas secou, o passado secou.
e o futuro ainda está verde.
domingo, 20 de março de 2011
sou um escritor desiludido.
sou um escritor descriativo.
na mesa do quarto eu sento
na mesa do quarto eu penso
procuro as palavras
procuro as folhas
não há espaço para linhas
no vazio, só há vazio.
e o vazio ocupa todo este espaço.
sou recusado pelo espaço,
pelo traço.
não há diálogo nem monólogo.
não há saber nem ignorar.
não há drama nem felicidade.
amor não há.
sou um escritor descriativo.
na mesa do quarto eu sento
na mesa do quarto eu penso
procuro as palavras
procuro as folhas
não há espaço para linhas
no vazio, só há vazio.
e o vazio ocupa todo este espaço.
sou recusado pelo espaço,
pelo traço.
não há diálogo nem monólogo.
não há saber nem ignorar.
não há drama nem felicidade.
amor não há.
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